”O Cultivar das Imagens” (2022) foi meu primeiro livro. Levei coisa de um ano e meio escrevendo esse livro que, na prática, é uma coletânea crÃtica dos eventos da covid-19 e do cenário cultural daqueles dois anos de pandemia. Nele também estão processos criativos, séries e projetos individuais e coletivos realizados naqueles anos. É um livro que foi autopublicado, diferentemente dos dois livros seguintes que foram publicados por editoras propriamente ditas. Ele também está disponÃvel em acesso livro em português e em francês, na minha página do Academia.Edu. A fins de arrecadação para quem quisesse contribuir de alguma forma, o livro é disponÃvel em versão e-book na Amazon. No futuro, quem sabe, até pretendo lançar uma segunda edição revisada por alguma editora, se aceitarem todas as considerações polÃticas retratadas na obra.
A razão principal de escolher a autopublicação então não foi ”uma recusa” das editoras, mas, foi o meu interesse de manter a obra tão crua e tão realista quanto possÃvel – o que até inclui uns erros de revisão! rsrs – e eu tinha certeza que para uma editora ”grande”, essa obra seria, de algum modo, ”suavizada”. Pelo menos, o cultivar foi apresentado ao público através do FLIMA – Festival Literário Internacional da Mantiqueira, em 2022 – na época, acompanhado de um QR-Code junto a uma obra de arte: aguadas em aquarela e ilustrações cientÃficas da série ”100 Espécies da Fauna Brasileira”. Foi no FLIMA de 2022 que conheci diversos autores e autoras que levaria para a vida, e também foi lá que ganhei o livro mais importante de poesia que teria na minha vida: Gaza, Terra da Poesia, a qual ganhei das mãos da dona da editora Tabla, no final de um dia de exposição do Festival Literário. Essa obra viria a ser representada na série ”Les Gestes”, de 2025, em Montréal.
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Uma curiosidade é que originalmente ”O Cultivar das Imagens” foi escrito para ser, intencionalmente, um primeiro livro ”teste” antes do livro que, até hoje, eu ainda não escrevi, que deu origem a série de 2023, ”Prólogos para Observações Orgânicas”, o ”Observações Orgânicas”. Vocês podem perceber que então, tivemos ”O Cultivar das Imagens” em 2022, a série de pinturas ”Prólogos para Observações Orgânicas” de 2023, e ”Manifesto Orgânico” de 2024, todos como ”essa contÃnua preparação” para uma outra obra que eu sempre senti ”que deveria estar muito maduro” até ”ter a audácia (ou coragem)” de escrever. Na época, em 2020, eu li que pouquÃssimos livros bons são escritos antes dos nossos 25 anos. Eu, com 23 anos na época, sabia que faria um péssimo trabalho ”tentando” lidar com um livro teórico ”de peso”.
Hoje, em Outubro de 2025 (quando essa página foi editada pela última vez), ainda tenho um caderno de esboços dessa obra, com todos os capÃtulos e número médio de páginas, bem como proposições visuais que pretendo trazer, mas, já se foram 3 livros, uma série de arte contemporânea e um manifesto anterior a ele. Tenho como objetivo terminá-lo antes de terminar minha tese, em 2028, afinal, já fazem cinco anos que planejo esse livro e não ”me sinto preparado” para escrevê-lo, mesmo ”depois dos 25 anos”. Hoje, com 28, me sinto um pouco mais preparado, porém, atado à outras criações de 2025, ano que inclusive escrevi o ”Leão e o Unicórnio” e que publiquei a versão livro da dissertação de mestrado, o ”Sociedade Tecnológica”. Tendo dito tudo isso, espero que vocês se lembrem, ao ler o Cultivar, de que foi a primeira vez que escrevi algo na intenção ”do formato literário”; no ano anterior, em 2019, havia escrito meu trabalho de conclusão de curso que também acompanhava uma série de arte contemporânea (que já virou tradição em todos os livros até aqui), o ”Afigurações Orgânicas”, que na época, teve suas 100 páginas.
Escrevi o Cultivar também enquanto um jovem artista, sem dinheiro e em quarentena, em um pequeno apartamento na área rural de Jaguariúna – São Paulo. Havia acabado de me graduar em Artes Visuais e, até poucos meses dali, estava com contratos e possibilidades de uma imigração para a França, enquanto artista visual, planos que não iriam se concretizar devida a pandemia; estávamos, nós, artistas na pandemia, fazendo parte da resistência online e da camada social que comunicava um bem-estar tanto quanto a resiliência social naqueles momentos difÃceis através do meio online, bastante diferente do meio material e ”prático” de um mundo pré-pandêmico. Foi também o segundo ano que me assumi uma pessoa não-binária, e estava vivendo na pele as condições do ser cuir em um Brasil que, naquela época, ainda estava aberto à s discussões LGBT+, tanto quanto à s discussões de igualdade de gênero, das lutas do movimento negro, do movimento pardo e do movimento indÃgena; vivÃamos crises ecológicas com outra intensidade, como com as queimadas históricas do Pantanal e as queimadas na Austrália daqueles anos. Eram outros tempos, estávamos muito engajados enquanto comunidade, ao mesmo tempo que revoltados, revoltadas e revoltades com as polÃticas de saúde pública e as crises diplomáticas que surgiam no inÃcio da década de 2020.
É com essas considerações então, que convido você, pessoa leitora, a ler meu primeiro livro. Depois, foi publicado o ”Sociedade Tecnológica” (2025 pela Editora Dialética e 2024 pela UNICAMP enquanto dissertação de mestrado), um trabalho com rigor acadêmico e, de certo modo, uma continuação, porém em forma de pesquisa cientÃfica interdisciplinar, das motivações que me levaram ao conteúdo do ”O Cultivar das Imagens” (2022).
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