Exibição e acervo ”O Estado das Coisas”

” O Estado das coisas” foi uma oficina realizada pelo Espaço Protótipo Tópico com incentivo do PROAC, em Bauru – SP, Brasil, ministrada por Vannie Gama entre dias 09 de Agosto de 2021 e 13 de Agosto de 2021. O evento se deu de maneira completamente remota visto o cenário da pandemia de COVID-19 no Brasil.
A cada dia da oficina, dos assuntos teóricos relativos a interdisciplinaridade da percepção sutil do tempo linear no espaço da materialidade que nos rodeia, principalmente das imagens que retém tempos passados e seus momentos, foram realizadas experimentações artísticas em linguagens multimídia por escolha de cada participante. Ao fim de nossa breve trajetória, alguns registros foram realizados e compartilhados neste espaço de acervo e exibição digital ”O Estados das Coisas”.
Agradecemos a visitação em nosso espaço de diálogo em arte contemporânea, memória, texto crítico e análise filosófica dos conteúdos imagéticos percebidos em seu movimento e identidade.

por Vannie Gama e Participantes da oficina que decidiram compartilhar suas produção, sendo elus:

Alessandra Moggione
Alexandra Ayello
Caroline Rohwedder
Giovanni Alberti
Isadora Locatelli
Jéssica Zago Paladino
João Pedro Bueno
Vannie Gama

Além ”Sonho”, de Alessandra Moggione, o texto:

TEMPO DE TRIBULAÇÕES

Tribulações
Mar revolto.
Chuva forte.
Injustiças, desavenças.
Tristezas, mentiras.
Entradas, saídas.
Preguiça, torturas.
Insônia. Demônios?
Garoa.
Chuva fina.
A vida sempre nos ensina.
Ensina a amar, a perdoar,
A esquecer, a aprender,
A mover moinhos enferrujados.
Com dureza se move o que está parado.
Há muita sujeira.
Lixo acumulado, muita poeira.
Vidas sem cores.
Buscam-se flores em meio a espinhos.
Ficar sozinho é preciso.
É precioso enfrentar a dor.
É preciso lidar com o rancor.
A porta é estreita…
É preciso ficar na espreita.
Dificuldades vêm e vão.
É difícil encontrar uma passagem, um vão, no meio do coração.
Tribulações.
Pressões.
Descida aos subterrâneos porões.
Visitar o medo.
Enfrentar a angústia.
Encarar a espera.
Confiar, entregar-se.
Crer e padecer.
Padecer aos problemas.
Buscar soluções.
Se soltar das amarras do mundo.
Deixar por minutos as lágrimas brotar.
Pedir ajuda e confiar.
Ver os seus erros.
Ver suas faltas.
Tribulações… irão passar.

Alê Moggione

3ª. Atividade sobre conceito descritivo de um objeto:
Descrição do desenho do sonho:
Sonho: “O espelho quebrado” – Data: 21/10/2003,
Por Alê Moggione.

Um raio atingiu esse espelho e ele se partiu e ficou esse
formato o qual eu desenhei. Foi uma imagem que não saiu da
minha mente até que eu a colocasse no papel.
Ao concluir o desenho pensei: o que será isso que apareceu na
imagem?
Entendi que, fez parte de um momento onde eu estava iniciando
o processo de psicoterapia e muitos paradigmas estavam se
quebrando e por isso, esse sonho e essa imagem foram (e são)
tão significativos para mim; a ponto de eu desenhar e guardar
ainda hoje!


1ª. Atividade sobre registrar a passagem de tempo de alguma
coisa:
Sobre o poema autoral: “Tempo de Tribulações”.
O poema demonstra as dificuldades e incertezas da vida.
A necessidade de se revisitar e enfrentar os desafios que
surgem a todo momento.
Revisitar situações, sentimentos, lugares, deixar as emoções
saltarem à “flor da pele”.
Mas sempre podendo olhar para todas essas vivencias e
perceber que são fases naturais da vida e que essas sempre
irão passar, podendo assim o leitor refletir sobre suas
questões mais profundas e pessoais.”

A. Moggiore,

10/08/2021.

Conjunto a ”Solene 01”, Giovanni Alberti também apresenta o soneto ”Solene 02”:

Caroline Rohwedder produziu a obra ”Impressões” em Bauru, São Paulo, 2021.

https://www.youtube.com/watch?v=0clEcPlBoQg&authuser=0

efêmero adjetivo

  1. 1.que dura um dia.
  2. 2.que é passageiro, temporário, transitório

Tudo muda o tempo todo ao nosso redor. O que era ontem, hoje não está mais aqui ou não faz mais sentido. Pessoas, situações, objetos, seres, sons, gostos, cheiros, toques…Outras deixam saudade. Uma saudade cheia de significado, legado, importância. Daquelas que a gente carrega para vida, levando Luz por onde passamos.

Tudo muda o tempo todo ao nosso redor.
Aproveitar o transitório é estar no presente momento. Com todos os sentidos atentos. Com tudo o que somos. Com todo nosso tamanho.

O efêmero não precisa fazer sentido, ele precisa ser sentido.

Caroline Rohwedder, Agosto de 2021.

Para uma melhor visualização da obra ”Alento”, de João Pedro Bueno, atentarmo-nos para sua descirção

” Minha expressão de carinho e amor que me trás alento”.

J. P. Bueno, 2021.

A produção de Isadora Locatelli foi extensa, em uma série fotográfica sem título, que acompanha um registro-diário de algumas reflexões realizadas por ela durante a oficina ”O Estado das Coisas”.

”Durante os dias de oficina discutimos e refletimos a respeito de assuntos como a temporalidade, a memória, o significado das coisas, a mudança, etc. Como tudo aquilo havia coincidido com uma semana um tanto quanto conturbada e atarefada para mim, não fui capaz de me aprofundar como gostaria nas minhas próprias reflexões, porém creio que isso foi para o melhor quando percebi que às vezes o que necessitamos é do simples, pois sua sutileza nos explica coisas complexas de uma maneira sutil e muito tocante.Diante disso, após uma sugestão em um dos dias da semana que nos foi dada para pensarmos em coisas que nos dão a sensação do passar do tempo, passei a perceber o mundo movendo-se à minha volta enquanto eu não prestava atenção nele. Percebi a potencialidade que tem uma imagem ou um simples gesto de provocar em nós sentimentos e ações, e optei por capturar por meio de uma câmera digital plantas e animais que me dão a sensação de que o meu entorno conversa comigo e me acalma, se eu parar para notá-lo. Ao editar as imagens, cheguei à conclusão de que em meio a momentos turbulentos, o que parece estar estagnado não está, e que criamos uma ilusão de tempo que nem sempre existe.”

I Locatelli, 2021.

De suas fotografias:

Jéssica Zago, com sua casinha de pedra e flores comestíveis, desenvolveu o seguinte poema, ”Sem título” que acompanhava um registro audiovisual de sua experiência de isolamento por alguns dias em seu quarto, deitada em sua cama:

Faço imagens com composição de sentidos,

Eu nunca vejo igual,

Quando igual se torna,

É porque eu já não mais vejo.

E basta despercebermos algo, que logo afirmamos: não existe!

Quantas extremidades e riscos!

Eu me divirto com minhas próprias formas e réplicas.

Os vícios são realmente muito engraçados.

Mas em tudo tem furo,

Um desvio.

Creio eu,

Por isso me assombra o conhecimento das coisas.

Me agradam as sombras,

Por clariarem minhas certezas,  e assim… me  sinto Patética.

Declaro gozo às sensações,

Eu gosto do gosto do impacto na carne,

O colapso,

A sinapse,

A palpitação.

Gosto do roubo do silêncio.

Talvez resoluções sejam apenas… detalhes brevemente conclusivos ,que por necessidade e sobrevivência inventamos.

Encontrar sentido nas coisas é querer devorar:

Sentir por dentro o que está fora, fazer de fora o que é dentro.

Faz tempo… Há tempo.

J Paladino, 2021.

Nós Imemoráveis: sobre a experiência no estado, imagem, ideia e tempo.

Os materias apresentados são resultados de processos reflexivos e criativos, no fazer artístico entre teoria e prática, realizados na oficina ” Do estado das coisas: imagem e ideia de tempo representado”, com a orientaçao e mediação de Vannie Gama.
Por meio da tríade: investigação, filosofia e experimentação, iniciamos nossos estudos e experimentos, passando pelos objetos: imagem, tempo, mudança…
Busquei em minhas memórias pessoais mais íntimas os elementos e estados que pudessem me provocar o sentido da espontaneidade criativa,  atrelada à sistematização e experimentação dessas ideias, maneira a se buscar em acontecimentos ou fatos pessoais a base para a criação do objeto artistico.
Debrucei-me nas experiências da imagem, do depoimento, da dramaturgia autoral, e da performance; do roteiro e do improviso, da fala prosaica e também poética como meus subsídios. Quis dar corpo e símbolos às sensações, levando sempre em consideração o agora, as emergências dos meus desejos e pensamentos do momento, articulados aos estímulos provocados em cada encontro.

Jéssica Zago Paladino, pedagoga, atriz e dançarina.


É com enorme satisfação que parabenizo todes participantes da oficina ”Estado das Coisas”, mesmo aqueles que não puderam enviar suas produções, pela diária participação dinâmica, criativa e questionadora. Nossos dias foram investigações em seus princípios, em seus barcos, praias, aviões e submarinos, onde encontrávamos pelas rotas bibliografias e câmeras, fotografias, sons, sonhos e experiências particulares em um coletivo crítico.

Com carinho,
Vannie Gama.
Criação : 13 de Agosto de 2021
Atualizações previstas para: 27 de Agosto de 2021, 06 de Junho de 2022.

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