Astrologia Poetica

A série ”Astrologia Poetica” é a última série desenvolvida no Brasil, com um público totalmente brasileiro, e se trata de uma proposta de um tipo de retrato simbolista através da mídia do desejo e dos conhecimentos diversos como da astrologia contemporânea. Minha escolha em trabalhar com mapas natais de quem participa da série tem várias razões: a primeira, pois vivemos em um momento de censura, onde quaisquer conhecimentos não intitulados pelas grandes instituições (leia-se governamental, religiosa e mesmo, de vários pedaços do pensamento científico colonial) e exercer a liberdade do saber é uma condição democrática fundamental, não pela defesa de um mito de uma verdade racional e indivisível, mas pela defesa da multiculturalidade, da invenção e por tanto, do imaginário à aplicabilidade, da criatividade e do fazer criativo, da qual inclui, certamente, diferentes métodos do saber.

Para além disso, tratar de formas de retrato é um dos temas que mais tenho achado importante trabalhar na contemporaneidade, especialmente porque o retrato é uma forma de humanização (quando da forma humana), de sensibilização e registro do ser: retratos da comunidade LGBT, do que é o nosso viver contemporâneo são tópicos que não acredito que sejam meras temáticas das antigas vanguardas e da arte ocidental desde a Renascença. Pelo contrário, é no retrato que podemos materializar nossas emoções, expressões, maquiagens, cabelos, vestuários, companhias multiespécies, arquiteturas, relações; seja realista ou de maneira abstrata, a forma aqui não define o ser, mas meramente sugere seus traços. Ademais, a astrologia, o tarot, e outros estudos utilizados para o autoconhecimento promovem divertidos e desafiadores diálogos, das quais diferentes personalidades das Humanidades têm se debruçado, pontual ou cronicamente, na compreensão da complexidade e principalmente, da vastidão de possibilidades do ser.

Pensando nisso e, sendo uma pessoa que estuda astrologia contemporânea (luz e sombra) e tarot (raider-waite) desde 2020, a partir de uma conversa com uma psicóloga em um Ano Novo, tive a ideia de fazer essa série artística onde eu vendo a leitura do mapa astral para as pessoas interessadas (que são, sem exceção, pessoas sempre engajadas em aventuras sensíveis e intelectuais), sempre um mapa interpretado longamente – pela perspectiva da astrologia luz e sombra, e com uma referência bibliográfica da mestra Cláudia Lisboa – , em 15 à 20 páginas, enviado num arquivo em PDF aos participantes, e a partir daí, eu sintetizo o mapa em uma prancha de desenho, uma obra de arte, que são retratos simbólicos dessas leituras.

São 33 pranchas, desenhos de pastel seco sobre papéis Tiziano e papéis parisienses de densa gramatura e cores profundas. Decidi utilizar o desenho como mídia aqui pois, durante minha última estadia em Paris por uma residência artística, visitei diferentes museus e coleções.. das quais uma, em especial, era uma sala de desenhos em folhas roseadas, marrons, azuis. Embora minha mídia principal seja o texto e a pintura, e o desenho não seja algo que faço no atelier, aquelas obras entre séc. XV e XVIII me despertaram para o potencial ”livre” do desenho. Dessas 33 pranchas, 11 delas são feitas em folhas A2, 11 em folhas A3 e 11 em folhas A4. Meu interesse em fazer essa divisão é conseguir dispor, quando em exibição, em diferentes salas, com diferentes propostas visuais. Além do mais, as primeiras 11 pranchas são as mais ”autênticas”, pois quando abri o projeto, ninguém tinha ainda referências visuais do ”que seria no final”. Foram pessoas corajosas que aceitaram, quase que ”vendadas” a participar do trabalho, e por isso, essas pranchas são maiores. As últimas pranchas, em folha A4, acompanham poesias, já que os trabalhos são menores.

É importante notar que é cobrado o mapa astral, mas a obra da arte é doada para quem participa do projeto, como um agradecimento por me proporcionar com aquela experiência criativa. Idealmente, essa série seria exibida em Junho ou Julho de 2025, no Estado de São Paulo, e todos os participantes serão convidados para a vernissage além do público em geral. Como são retratos ”tipo criptografia”, não há nomes próprios, apenas o nome das pranchas.. dessa forma, apenas quem recebeu o mapa em PDF sabe a prancha a qual o retrato é correspondente, e os demais, não; dessa forma, existe autonomia e discrição, autonomia porque quem participa tem a liberdade de compartilhar com o público qual é seu retrato, mas discrição, pois quem não o desejar fazer, se manterá apenas enquanto um título sem quaisquer pistas de sua referência inicial.

Essa série não é sobre ”acreditar em astrologia”, mas sim, sobre se aventurar numa série coletiva, artística, com começo, meio e fim, de guardar para si um retrato simbolista, cheio de interpretações possíveis, com um texto singular, como que uma fotografia desse ano de 2025, entre nós todos parte da série. A defesa aqui é justamente da investigação, ”do que podemos fazer” além da realidade cinza a qual somos apresentades em nossas rotinas, tão diferentes umas das outras mas, igualmente, curiosa de peculiaridades.

Assim, as etapas da série são:

Para apoiar ou ser patrono do projeto:

Todas as obras acompanham certificado de autenticidade, e certificação de doação para coleção particular com flexibilidade para exibições bem como ficha auxiliar de conservação da obra.

Essa série exala valores democráticos, a favor dos direitos humanos, da diversidade etnicorracial, LGBT+ e de gênero, e de valores ecológicos, além de ser contra guerras contemporâneas, xenofobias, pensamentos extremistas contrários a sociodiversidade e direitos trabalhistas fundamentais para toda pessoa independente de sua nacionalidade, crença, gênero e raça.